Com tablet e celular, avós se divertem fazendo selfie na aula de informática

Na falta de paciência ou didática dos netos, avós recorrem às aulas de informática para aprender a mexer no celular ou tablet. A sala é um convite ao riso quando a porta se abre e para todos os lados se nota olhos de surpresa com o que é possível fazer apenas no toque. O grupo de senhorinhas e senhorzinhos se divertem e até anotam num caderninho as orientações para não esquecer depois. 

As aulas acontecem todas as sextas-feiras, com o grupo da terceira idade do Sesc que reveza o aprendizado da tecnologia com aulas de música, xadrez, pilates e tantas outras coisas que lhes ocupam a semana toda. São os jovenz aprendizes do próprio local que dão as aulas, o que deixa a tarde ainda mais engraçada. 

Os alunos se comportam como crianças diante da novidade. Dão risada do que erram, do que aprendem e até da troca de nomes que costuma fazer ao tentar chamar o instrutor.

"Jorge, Jorge. Ops. Não é Jorge, é João. João, João? Agora eu faço o quê? Ah, vou desse lado né? É para eu mostrar as fotos, como que passa? Aí, essa ficou boa, olha?! Saiu, oxe. Desculpa, viu?".

A conversa vira um monólogo de dona Jane com ela mesma. Aos 70 anos, ela quer nos mostrar as fotografias que tirou e tenta encontrar a galeria no tablet.

A maior dificuldade é o medo que a senhorinha sente. "De não dar certo, sabe? E depois não conseguir voltar e apagar alguma coisa", diz receosa Jane Maria Tortorelli. No próprio celular, ela mostra as tentativas de fazer selfies e também o que registrou no final de semana, durante a festa na Paróquia Nossa Senhora de Fátima.

Do lado está dona Maria José da Silva, de 68 anos. Nas mãos, um tablet que até para segurar parece ser mais complicado. "Eu não sei mexer e olha que eu já comprei esse para todo mundo, mas ninguém me ensina nada", reclama em relação aos netos. Em casa, ela diz que pede para ver as notícias e aprender a fazer fotografia, mas quem explica não tem lá muita paciência.

"Eles fazem tudo assim, assim e pronto. Passa o dedo rapidão e eu não aprendo nada", brinca. Na aula de informática é que ela tem aprendido a mexer com a tecnologia e se sentir mais incluída. "Me sinto nascendo de novo, aquele espírito jovial, sabe? Porque a gente se sente muito para trás", desabafa.

Um olho no celular e outro na agendinha. As pequenas folhas trazem todas as anotações do que Shirley Rodrigues Colunga, de 78 anos, tem medo de esquecer. "As palavras em inglês, sabe? Save é salvo. Done é quando terminou e eu vou anotando tudo", explica.

Dos netos ela sempre ouve que é tirando as dúvidas na aula e tentando fazer sozinha o caminho para o aprendizado. "Aí por isso que eu estou aqui. Para mim é difícil não saber voltar das coisas, sabe quando você clica, abre uma coisa e depois some onde você estava?"

Até japonês sai do teclado de dona Etsuko Nakamura, de 77 anos. Enquanto fala com o Lado B, a senhorinha japonesa exibe conhecimento na área ao mandar uma foto peloWhatsApp. "Eu e a minha amiga aqui, estou mandando para o meu filho. Ah, errei. Não era para ele, era para a Lourdes". Parece que a gente a desconcentrou.

Na mesa, ela está ao lado de Cleusontina e Vera Lúcia. Na hora da selfie, Etsuko pergunta o que é? E quando Cleusontina arma para mostrar, dona Etsuko entende e interrompe. "Eu sei, eu sei o que é. Tenho um – como que chama? – Ah, pau de selfie!", comemora.

Antes da selfie, elas resumem o que sentem aprendendo o que a gente faz no dia a dia com os pés nas costas. "Ficamos perto dos mais novos. A gente se sente feliz, né? Ninguém quer ficar velha", brincam. 

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