A professora de língua portuguesa Marcia Maria de Brito, 39, também pode nos ensinar algo muito além da linguagem: fé e determinação. Em fevereiro, após retirar um mioma no útero e a apêndice, foi constatado que ele sofre de Pseudomixoma Peritoneal.
Esse câncer é muito raro, o SUS (Sistema Único de Saúde) não faz a cirurgia mesmo sendo emergencial e pelo plano de saúde custa mais de R$ 200 mil. É uma situação que, se essa cirurgia não acontecer, ela vai morrer, sem outras formas de tratamento.
O nome é complexo, mas a Pseudomixoma Peritoneal consiste na ruptura de um tumor maligno mucinoso do apêndice, como no caso de Marcia, ou ovário. Este tumor produz continuamente uma substância gelatinosa chamada mucina, que se espalha por todo o abdômen. Os órgãos que essa gelatina atinge são prejudicados de forma agressiva. Marcia teve o lado direito do intestino e o peritônio, tecido que protege a superfície dos órgãos, atingidos por ela.
“Em dezembro do ano passado eu fui fazer um check-up no ginecologista e no cardiologista. Eu já tinha um mioma no útero e também constataram um inchaço do apêndice, então marcaram a cirurgia para retirada do mioma e do apêndice com médicos especialistas em cada assunto. Quando foi para a biopsia, descobriram que o tumor maligno no apêndice já tinha se rompido. Descobriram a Pseudomixoma”, lembrou a professora.
Se levarmos em consideração os número do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o país tem mais de 190 milhões de habitantes. A doença atinge uma pessoa em um milhão, ou seja, estima-se que 190 pessoas podem sofrer Pseudomixona e que não podem fazer a cirurgia, pois não é custeada pelo SUS nem por nenhum hospital conveniado.
Essa cirurgia, segundo a professora explicou e foi orientada pelos médicos, é a abertura de todo o abdômen e tórax para limpar todos os órgãos atingidos pela mucina. Enquanto isso, todo o sangue do organismo é drenado em uma máquina fora do organismo que, em seguida, receberá a quimioterapia aquecida constantemente. No Centro-Oeste não existe essa máquina que faz a drenagem do sangue, apenas no Sudeste do país, e é esse aparelho que torna o procedimento mais caro.
“Uma chefe de cozinha chamada Lilian Piscuma descobriu a doença, faz tratamento e foi até no programa da Xuxa pedir ajuda. Ela está muito debilitada, não consegue trabalhar, passa por dificuldades e sente muitas dores. Eu estou apenas pela fé! Desde o pós-operatório eu não tomo nenhum remédio, sinto apenas um incômodo como se estivesse com gases. Não posso fazer esforço, mas continuo fazendo minhas feiras de antiguidade, vou a igrejas e vendo minhas rifas, quero aproveitar essa ‘fase boa’ para fazer a cirurgia”, disse Marcia.
Não é só no SUS o problema
Com essa enxurrada de informações negativas, a família encontrou um médico em Campo Grande que faz a cirurgia, mas que precisa que o equipamento venha de Curitiba (PR). Como o SUS não cobre, a solução é recorrer à Unimed, na qual a professora é cliente há dez anos, que ainda não deu um parecer se vai ou não fazer o procedimento. “Se ela não fizer a cirurgia é 100% de chances da Marcia morrer. Se ela fizer a cirurgia é 90% de chances de viver. A nossa constituição diz que temos direito à vida, ela paga o plano para isso. Caso a Unimed não faça o procedimento, vamos entrar com uma medida no Judiciário”, defensa a advogada da família, Vanessa Auxiliadora Tomaz.
Mesmo com o plano de saúde cobrindo a operação, a professora precisa arrecadar R$ 15 mil do aluguel da máquina e da diária do médico que vai trazê-la. Para isso, ela está fazendo campanhas no Facebook, na página criada por ela, para divulgar a venda das rifas de produtos doados por amigos solidários à causa. “Minha rotina agora é acordar cedo, pegar meu carro [um fusca com um adesivo do Raul Seixas] e vender as rifas. No começo eu fiquei muito abalada, mas já consigo não pensar na cirurgia. Quero fazer, me recuperar e voltar a trabalhar logo”, garantiu.
Conscientização
Juntamente com Lilian, Marcia quer encabeçar uma campanha de conscientização deste câncer, que pode ser prevenido apenas com exames na fase inicial da doença. “Assim como tem campanhas de conscientização da dengue, é importante sim que o Ministério da Saúde faça pelo menos uma campanha para as pessoas fazerem um check-up do abdômen. As chances de cura, quando descoberto no início, são enormes. É só retirar a apêndice ou o ovário”.
Para quem se solidarizou, a professora disponibilizou uma conta poupança para doações (abaixo), em suapágina no Facebook, vários itens estão sendo rifados e, no sábado (7), acontece o passeio de carros antigos nos altos da Afonso Pena. As pessoas que foram passear com os seus carros antigos pagarão uma quantia, que será revertida para Marcia. Informações pelos telefones (67) 8131-7443 e 9984-1076
Itaú
Agência: 1420
Conta poupança: 50.000/500