Desde o primeiro caso de transmissão da febre chikungunya em território nacional, no mês de setembro, o número de infectados no Brasil saltou para 1.364, segundo o Ministério da Saúde. Anteriormente, todos os casos identificados no país eram "importados", ou seja, pessoas chegaram ao país já contaminadas.
A doença, transmitida por um vírus que se hospeda em mosquitos do gênero Aedes, o mesmo que transmite a dengue, fez mais vítimas no estado da Bahia. Segundo a Secretaria Estadual de Saúde, foram registrados 952 casos, a maioria em Feira de Santana (748) e Riachão de Jacuípe (198). Até o momento, 76 municípios do estado identificaram casos suspeitos.
"Em qualquer lugar em que haja transmissão, há o risco de epidemia", disse à DW Brasil Jesuína Castro, da Vigilância Epidemiológica estadual. Desde que o vírus foi introduzido no estado, em setembro, a secretaria intensificou o combate à doença, com a meta de eliminar a transmissão autóctone – ocorrida localmente – até junho de 2015.
Além da Bahia, há registros de casos autóctones da febre chikungunya no Amapá (531), em Minas Gerais (2) e no Mato Grosso do Sul (1), segundo informações do ministério.
Pernambuco, que registra dois caos da doença, contraída fora do estado, está em alerta. "Sabemos que a possibilidade de transmissão é real e que todos os cidadãos estão suscetíveis", afirma a Secretaria de Saúde do estado.
Dengue x CHIK
A febre chikungunya é causada pelo vírus CHIK e pode ser transmitida pelos mosquitos Aedes aegypti – o mesmo da dengue – e Aedes albopictus. Mas, diferentemente da dengue, a febre chikungunya só tem um sorotipo, ou seja, a pessoa pega a doença apenas uma vez.
Como os sintomas assemelham-se muito aos da dengue, o Ministério montou um plano de contingência para orientar a rede pública de saúde quanto ao diagnóstico. Além da febre alta, dores de cabeça e muscular, o CHIK provoca fortes dores nas articulações, o que o diferencia do vírus da dengue.
Devido ao ritmo acelerado dos casos de transmissão da febre chikungunya, as confirmações estão sendo feitas por critério clínico-epidemiológico, e não mais por testes laboratoriais. "No Brasil, há a indisponibilidade de kits diagnósticos validados", lembra a Secretaria Estadual de Saúde da Bahia.
Hospedeiro versátil
Em abril, um estudo publicado no Journal of Virology, feito por pesquisadores do Instituto Oswaldo Cruz, comprovou a capacidade do mosquito da dengue de transmitir também a febre chikungunya. Na época, o grupo que participou do trabalho mencionou estar assustado diante da possibilidade de o vírus se espalhar pelo Brasil, já que a população nunca havia tido contato com ele.
Os testes mostraram que o mosquito pode transmitir a doença sete dias depois de ser contaminado. No caso do Aedes albopictus, esse prazo cai para dois dias – um tempo cinco vezes menor que o da transmissão da dengue. Esse gênero do mosquito, que nunca recebeu tanta atenção quanto o aegypti, deve ser agora combatido com maior intensidade, recomendam os autores.