Amiga da jovem de 27 anos que conseguiu na Justiça o direito de incluir o nome de batismo 'Jadd' na certidão de nascimento, a advogada Iasmin Siqueira afirmou que cumpriu uma promessa de infância ao entrar com a ação. A assistente administrativo e estudante Jadd Maria Natividade Índio do Brasil de Menezes fez a inclusão para reparar o esquecimento do pai ao registrá-la.
Iasmin relatou que a amiga passava constrangimentos na escola. "Como Maria Natividade aparenta ser o nome de uma pessoa mais idosa, ela passava por muito constrangimento e alguns colegas da turma zoavam. Quando nós estávamos na quinta série, eu disse: 'amiga, não se preocupe, ainda vamos mudar isso'", contou a advogada, que na época já sonhava em fazer faculdade de direito.
Ao ser aprovada no exame da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Iasmim decidiu, já como advogada, cumprir a promessa de infância. Em junho de 2014, ela entrou com uma ação na Justiça para retificar o nome da assistente administrativo.
Um ano depois do andamento do processo, o juiz Alexandre Tsuyoshi Ito, da 4ª Vara de Fazenda Pública e de Registros Públicos de Campo Grande, deu parecer favorável na quarta-feira (17), após uma audiência, para incluir Jadd no nome de registro da jovem.
"Eu fiquei com um pouco de receio no início porque é recomendado que a pessoa dê entrada nesse tipo de ação quando completa 18 anos. No caso da Jadd, ela já tinha 26. Mas no fim deu tudo certo", comemorou.
Saga de Jadd
"Quando eu tinha 5 anos de idade, a minha mãe precisou me colocar na creche, mas eu ainda não era registrada e só o meu pai poderia me registrar no cartório. Na época, eles já estavam separados e ela pediu para ele me registrar como Jadd. Mas quando o meu pai chegou lá [cartório] e esqueceu meu nome, então o escrivão sugeriu que colocasse o nome da minha avó, porque era fácil de lembrar", relatouJadd.
A decisão do pai de registrar a filha como Maria Natividade Índio do Brasil de Menezes contrariou a mãe, segundo a jovem. "Quando ela recebeu o registro, ficou muito contrariada. Ela pediu para o meu pai ir ao cartório e corrigir o meu nome, mas ele decidiu mantê-lo porque tinha posto aquele e disse que era para continuar o que ele tinha colocado. Como a minha mãe não podia fazer nada, ficou esse mesmo."
Mesmo a jovem não tendo sido registrada com o nome de batismo, a mãe insistia em chamá-la de Jadd. "Quando ela foi fazer o meu cadastro na escola, avisou para todos os professores que era para me chamar de Jadd e não de Maria. Até na lista de chamada tinha um risquinho no meu nome só para não esquecerem", disse a estudante, que ri ao lembrar da época.
Embora não tivesse no registro, com o tempo a jovem adotou Jadd como primeiro nome. Ela conta que sempre se apresentou com ele, mas quando ficava cansada de explicar o motivo se apresentava como 'Maria Jadd'. "Quando eu falava que meu nome era Maria Jadd não ficavam perguntando. Já quando as pessoas viam o meu RG achavam que Jadd era o meu apelido ou pensavam que eu tinha vergonha do meu nome."
"O mais engraçado é que, o Maria Natividade, que andou comigo todos esses 27 anos, não me incomoda mais. Depois de ter incluído o Jadd, ficou irrelevante, porque eu até poderia tirar esse nome, mas optei por deixar e mostrar que não era pelo nome dado errado, mas pelo nome escolhido não ter dado certo", ressaltou, dizendo ainda que o único incômodo era não ser chamada pelo nome de batismo.
Jadd ainda está utilizando os documentos com o antigo nome e deve atualizá-los em breve. "Como a audiência foi na quarta, estou aguardando o fórum emitir um ofício para atualização de todos os meus documentos. Sei que vou gastar uma 'graninha', mas vou feliz", afirmou.