ACP mantém greve e critica Bernal por entrar na Justiça contra professores

A paralisação dos professores de Campo Grande está mantida para a próxima terça-feira (26), quando os professores irão deliberar e definir os rumos da greve. Apesar do prefeito de da Capital, Alcides Bernal (PP), ter afirmado que recorrerá à Justiça para impedir a greve nas Escolas Municipais, caso os professores não aceitem o reajuste de 2,79% proposto, a classe manteve o posicionamento.
 
“Ao invés do prefeito entrar na Justiça contra a greve poderia fazer uma proposta para ACP (Sindicato Campo-grandense dos Profissionais da Educação Pública) e professores. Ele pode acabar com a greve de outra maneira, não está sendo inteligente. Habilidade política totalmente avessa, é só encaminhar proposta para debater com os professores. O desgaste é maior, impedindo o professor de exercer seu direito constitucional de greve. Prefeito egocêntrico, quer comandar tudo sozinho, sem debater, dialogar”, desabafou o presidente do sindicato, Lucílio Souza Nobre.
 
Lucílio contou que há tempos a categoria tenta negociar com a prefeitura, desde o dia 27 de agosto do ano passado, na gestão do professor Geraldo Gonçalves, presidente da ACP à época. Já foram enviados 11 ofícios para o prefeito e ele não respondeu nenhum. “Nós fizemos 13 reuniões com a equipe técnica e o próprio Bernal presente em várias, mas ele não respondeu nenhum ofício dizendo que negociaria. Pediu apenas para suspendermos a greve até o dia 25 de abril e agora não reconhece. Que honre a palavra e compromisso”, destacou Lucilio.
 
O presidente do sindicato aproveitou para lembrar que ao invés de negociar com as categorias o projeto de lei que enviou para Câmara Municipal, ele apenas encontra culpados, sendo que deixou para última hora. Em contrapartida, Bernal explica que está impossibilitado de oferecer um aumento maior por conta da lei eleitoral que restringe ações de agentes públicos.
 
“Está pondo a culpa nos vereadores, na ACP, Sisem. Ele não tem culpa de nada. Se vitimiza o tempo todo. Como todos nós estamos errados e ele está certo? É culpa do servidor, da corrupção. O assessor dele (secretário de governo, Paulo Pedra) na época, dizia que tinha dinheiro e faltava gestão política para dar o aumento e, agora, o que aconteceu? Cadê o reajuste? Então, não está faltando dinheiro”, se questiona Lucílio.
 
O presidente do sindicato critica Bernal pela relação complicada. “Ao invés de entrar na Justiça ele deveria formular uma contraprosposta, seria bem mais rápido resolver o problema. Nós vamos fazer greve e tenho certeza que a Justiça vai entender os professores. Quase dois anos sem aumento do piso”, contou.
 
Já está agendada uma assembleia às 8h na sede da ACP, no dia 26, para definir como a greve funcionará. O presidente do sindicato informou que no período da tarde, os professores irão retornar às escolas para dar informes sobre a paralisação, inclusive, a prefeitura e a população será orientada.
 
Ao ser questionado sobre denúncias de ameaças que muitos professores estão sofrendo dos diretores para não aderirem ao movimento de paralisação, Lucílio informou que não há nada oficial, ainda. “Não temos denúncia formulada por escrito, só especulações. Mas, se necessário, vamos agir juridicamente em cima do autoritarismo”, destacou Lucílio, ao lembrar que o cargo de professor é para vida inteira, enquanto diretor é uma mera função passageira.

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