Digitalização, novas competências e busca por propósito moldam o futuro do trabalho. Para André Mancuso, empresas que não se adaptarem correm o risco de ficar para trás.
Nos últimos anos, o mercado de trabalho tem passado por transformações estruturais que nenhuma empresa ou profissional pode ignorar. Segundo André Mancuso, embaixador da Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH-MG), a década atual é marcada por uma mudança de paradigma nas relações de trabalho, impulsionada por fatores como a aceleração tecnológica, mudanças sociais e os impactos da pandemia. “As organizações precisam entender que o mundo do trabalho mudou — e de forma definitiva. Quem não se adaptar vai perder relevância, talentos e competitividade”, afirma Mancuso.
Entre os principais movimentos observados estão a automação de tarefas repetitivas, o surgimento e valorização de novas profissões digitais, como analistas de dados e especialistas em cibersegurança, além da consolidação do trabalho híbrido. “Mesmo com o retorno gradual aos escritórios, a flexibilidade continua sendo um dos principais atrativos para os profissionais”, aponta. Outro ponto de destaque é a mudança nas expectativas dos trabalhadores. A busca por propósito e por valores alinhados à cultura da empresa se tornou tão importante quanto a remuneração. “Hoje, o trabalho é uma extensão da identidade das pessoas. Elas querem se sentir conectadas com o que fazem e com onde fazem”, completa.
Para acompanhar essas transformações, algumas competências estão se tornando cada vez mais valiosas, como pensamento crítico, criatividade, inteligência emocional e fluência em tecnologias emergentes. Segundo Mancuso, a inteligência artificial não vai eliminar empregos, mas sim transformar profundamente a natureza do trabalho: “As funções mudam, mas o trabalho continua. Quem se adapta, aprende e se reinventa não apenas sobrevive — se destaca”.
O especialista também destaca a importância de as empresas investirem em ambientes com segurança psicológica, lideranças empáticas e escuta ativa para lidar com fenômenos como a “Grande Renúncia”. “A experiência do colaborador precisa ser prioridade. Flexibilidade real, comunicação transparente e propósito são as novas exigências dos talentos no mercado”, ressalta.
Apesar dos avanços, ainda existem barreiras para um ambiente corporativo realmente inclusivo. “Inclusão não é uma ação pontual, é um processo contínuo que exige transformação da cultura e das lideranças”, enfatiza Mancuso. Ele também alerta para o mito de que diversidade e meritocracia são conflitantes: “Diversidade bem aplicada amplia a meritocracia real, ao corrigir desigualdades históricas”.
Um dos principais desafios apontados pelo especialista está na formação acadêmica, que ainda apresenta um grande descompasso com as exigências do mercado. “Muitos cursos ainda formam para o século passado. As universidades precisam acelerar a atualização de suas grades curriculares e incluir competências como colaboração, adaptabilidade e resolução de problemas.”
Para lidar com a escassez de mão de obra qualificada em áreas críticas, Mancuso defende uma mudança de mentalidade: “As empresas precisam parar de procurar gente pronta e começar a formar talentos com potencial. Requalificação e academias corporativas serão estratégicas para o futuro”.
Sobre o autor:
André Mancuso é embaixador da ABRH-MG (Associação Brasileira de Recursos Humanos), responsável pela atuação nas regiões de Extrema, Camanducaia, Cambuí, Pouso Alegre e Varginha. Atua como consultor e especialista em gestão de pessoas, desenvolvimento organizacional e cultura corporativa.