Prefeita Adriane Lopes e secretária Rosana Leite detalham plano emergencial para enfrentar o colapso hospitalar
A Prefeitura de Campo Grande decretou situação de emergência na saúde pública neste sábado (26) devido ao aumento descontrolado de casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG). A medida foi anunciada nesta manhã pela prefeita Adriane Lopes (PP) e pela secretária municipal de Saúde, Rosana Leite.
O agravamento do cenário levou o município a adotar medidas excepcionais para conter a crise. Segundo Rosana Leite, a situação dos hospitais é crítica. “Hoje, a situação é muito mais grave. Na Santa Casa, temos apenas seis leitos na sala do médico, mas estamos com quatorze pacientes, sendo quatro deles intubados. Não conseguimos dar vazão aos vinte pacientes que estavam esperando atendimento. A capacidade é de seis, mas temos quatorze leitos ocupados. Isso mostra que nosso sistema já ultrapassou o limite”, explicou.
Hospitais públicos e privados em colapso – O problema não se restringe ao sistema público. Na rede privada, o quadro é igualmente preocupante. “Na CASSEMS, tínhamos duzentas e dezenove pessoas aguardando uma vaga, sendo cento e trinta e três de Campo Grande e trinta e nove do interior. Isso demonstra que o interior está cada vez mais pressionando a nossa capacidade. As fichas amarelas, que indicam casos mais graves, também se acumulam”, disse Rosana.
A secretária também chamou a atenção para o número de crianças em situação crítica: “Ontem, às 22h, estávamos com quarenta e três crianças aguardando vaga hospitalar em Campo Grande, todas com indicação para tratamento terciário. Do interior, tínhamos mais quarenta e nove crianças esperando transferência. No total, cinquenta e três crianças sem atendimento adequado.”
Secretária Rosana Leite: Campo Grande decreta emergência na saúde por colapso hospitalar e reforça vacinação para conter surto de síndromes respiratórias – (Foto: Ana Clara Ruiz)
Com a decretação da emergência por 90 dias, a Prefeitura poderá flexibilizar normas da Vigilância Sanitária para ampliar a capacidade de atendimento. “As regras atuais determinam um médico para cada dez pacientes em UTI. Em situação de emergência, poderemos flexibilizar essa proporção, claro, respeitando limites éticos e a segurança dos pacientes. Também será possível transformar leitos intermediários em leitos intensivos para atender mais pessoas”, explicou Rosana.
Segundo a secretária, a decisão não significa negligência, mas a tentativa de salvar vidas em meio ao caos hospitalar: “Estamos enfrentando uma situação crítica. Precisamos agir rapidamente para proteger a população. As ações que tomamos agora são para mitigar o agravamento que está previsto para as próximas quatro a seis semanas.”
Situação foi confirmada nesta manhã pela Prefeitura de Campo Grande
Durante a coletiva, Rosana Leite ressaltou que a ausência de capacidade de ampliação imediata na rede pública e privada foi determinante para o decreto: “Temos déficit crônico de leitos. A ocupação já ultrapassou 100%. E mesmo se quiséssemos criar novos leitos agora, não teríamos estrutura disponível para isso. A emergência nos permite flexibilizar processos e agilizar compras de medicamentos e insumos hospitalares.”
Ela também informou que a Secretaria Municipal de Saúde já elaborou um relatório detalhado sobre as necessidades estruturais, de pessoal e insumos, que será enviado ao Ministério da Saúde para apoio adicional: “Estamos em constante diálogo com a Secretaria de Estado da Saúde. Formalizaremos todas as demandas no Sistema Integrado de Informações sobre Desastres (S2ID) para acelerar o envio de recursos federais.”
Ações de vacinação ampliadas – A Prefeitura também aposta na vacinação para conter a propagação dos vírus respiratórios. “A circulação do vírus da influenza e do vírus sincicial respiratório (VSR) é o que mais nos preocupa neste momento. Por isso, decidimos liberar a vacinação para toda a população a partir de seis meses de idade. Não podemos mais vacinar apenas grupos prioritários. Precisamos de um bloqueio epidemiológico eficaz”, destacou Rosana.
Apesar da campanha iniciada há um mês, a adesão ainda é considerada baixa. “Até agora, apenas um terço das doses disponíveis foi aplicado. Isso é alarmante, porque mesmo quem é saudável pode transmitir o vírus para crianças pequenas e idosos, que são extremamente vulneráveis. A vacina reduz a gravidade da doença e diminui a necessidade de internação”, afirmou.
A Prefeitura está reforçando a vacinação em escolas, com autorização dos pais, e preparando novas campanhas de conscientização em igrejas, associações de bairro e outros espaços públicos.
Rosana reforçou a importância da rede básica de saúde para desafogar os hospitais: “A atenção primária, os chamados postinhos de saúde, são a principal referência para casos leves. Crianças com sintomas como tosse leve ou coriza devem ser levadas para essas unidades. Assim evitamos a exposição delas a outros vírus mais perigosos nos hospitais lotados.”
Além disso, a Prefeitura estuda ampliar o horário de atendimento de algumas unidades básicas, conforme a evolução da demanda.
A prefeita Adriane Lopes pediu o apoio da sociedade para superar a crise. “Precisamos da mobilização de todos: da Câmara Municipal, da imprensa, das lideranças comunitárias e principalmente da população. Vacinar-se é um ato de amor ao próximo”, disse.
Ela concluiu ressaltando que, apesar das dificuldades, Campo Grande está reagindo: “Estamos agindo rapidamente para evitar o colapso total. A força-tarefa montada pela Secretaria Municipal de Saúde está sendo incansável. Precisamos agora da colaboração da população para que a crise não se agrave ainda mais.”