Diversos bairros da capital sul-mato-grossense amanheceram inundados neste sábado (19) após precipitação recorde; Defesa Civil emitiu alerta de risco moderado
Campo Grande registrou um volume extraordinário de 241 milímetros de chuva nas últimas 24 horas, provocando inundações em ruas e residências de diversos bairros da capital sul-mato-grossense na madrugada deste sábado (19). O temporal, que se intensificou durante a noite, transformou vias em verdadeiros rios e deixou moradores ilhados em diferentes regiões da cidade, conforme alertas emitidos pelo Centro de Monitoramento do Tempo e do Clima (Cemtec) e pelo Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet).
Histórico de instabilidade climática e áreas mais afetadas
A chuva intensa não chegou sem aviso. O Inmet já havia emitido um alerta laranja (que indica situação de perigo) para Mato Grosso do Sul desde sexta-feira (18), prevendo precipitações de até 100 milímetros por dia e ventos intensos entre 60 e 100 quilômetros por hora. O alerta abrangia especificamente Campo Grande e outras regiões do estado, como parte de um sistema climático maior que afeta o centro-sul do país durante o feriado prolongado.
Segundo o Cemaden (Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais), a Região Geográfica Intermediária de Campo Grande já estava sob risco moderado de ocorrência de eventos hidrológicos desde o início do mês, com destaque para a área metropolitana. A previsão indicava possibilidade de “inundações pontuais em córregos urbanos, extravasamento dos canais de drenagem, enxurradas e alagamentos temporários de áreas rebaixadas”.
Entre os bairros mais afetados estão Nova Lima, Jardim Noroeste, Aero Rancho e regiões próximas aos córregos Anhanduí e Segredo, onde moradores relataram ter perdido móveis e eletrodomésticos com a invasão da água. Em algumas áreas, o nível da água ultrapassou um metro de altura, impedindo o tráfego de veículos e isolando comunidades inteiras.
Análises e impactos imediatos
“Este volume de chuva em 24 horas é extremamente significativo e representa mais do que o esperado para todo o mês de abril em Campo Grande”, explicou o meteorologista Carlos Henrique, do Cemtec. “Para efeito de comparação, a média histórica para o mês inteiro é de aproximadamente 100 mm, e registramos mais do que o dobro disso em apenas um dia.”
A Defesa Civil Municipal informou que foi acionada para mais de 50 ocorrências desde a madrugada, incluindo deslizamentos de terra em áreas de encosta, quedas de árvores e resgate de famílias ilhadas. “Estamos trabalhando com efetivo reforçado e em cooperação com o Corpo de Bombeiros para atender todas as chamadas o mais rápido possível”, afirmou o coordenador da Defesa Civil, João Paulo Ribeiro.
A Águas Guariroba, concessionária responsável pelo abastecimento de água na capital, informou que algumas estações de tratamento tiveram seu funcionamento comprometido devido ao alto nível de turbidez nos mananciais, o que pode afetar o fornecimento de água em alguns bairros nas próximas horas.
A Energisa, por sua vez, registrou interrupções no fornecimento de energia em pelo menos 15 bairros, afetando aproximadamente 30 mil residências. Equipes trabalham para restabelecer o serviço, mas a empresa alerta que, em áreas ainda alagadas, o trabalho pode demorar mais tempo por questões de segurança.
Previsão e consequências futuras
De acordo com o Inmet, a instabilidade climática deve persistir ao longo do final de semana. Para este sábado (19) e domingo (20), a previsão indica mais chuvas, embora com menor intensidade, com acumulados que podem chegar a 50 mm. As temperaturas devem variar entre 19°C e 25°C, com umidade relativa do ar em torno de 90%.
“A frente fria que está passando pelo oceano deve continuar influenciando o clima na região Centro-Oeste, com possibilidade de chuvas moderadas até segunda-feira”, explicou o meteorologista. “Somente a partir de terça-feira devemos observar uma melhora significativa nas condições climáticas.”
A Prefeitura de Campo Grande anunciou a criação de um gabinete de crise para coordenar as ações de resposta aos alagamentos. Entre as medidas emergenciais estão a disponibilização de abrigos temporários em escolas municipais para famílias desalojadas, a intensificação da limpeza de bueiros e bocas de lobo, e o monitoramento constante dos níveis dos córregos que cortam a cidade.
A Secretaria Municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos (Sisep) informou que equipes estão trabalhando para desobstruir vias e auxiliar no escoamento da água, mas alerta que, em caso de novas precipitações intensas, os alagamentos podem voltar a ocorrer devido à saturação do solo.
Recomendações e perspectivas
A Defesa Civil orienta que a população de áreas de risco busque locais seguros ao primeiro sinal de alagamento e evite atravessar ruas ou avenidas com alto nível de água. Também recomenda que moradores de áreas próximas a córregos fiquem atentos a sinais de elevação do nível da água e, se possível, procurem abrigo em casas de parentes ou amigos em regiões mais altas da cidade.
Para os próximos dias, a expectativa é de que o volume de chuva diminua gradativamente, permitindo que as equipes de limpeza e manutenção trabalhem na recuperação das áreas afetadas. No entanto, o cenário de alerta permanece, especialmente para moradores de áreas historicamente vulneráveis a alagamentos.
A Prefeitura disponibilizou o telefone 199 para emergências relacionadas à Defesa Civil e orienta que a população acompanhe os boletins meteorológicos e alertas oficiais pelos canais de comunicação da administração municipal.
Meta descrição: Campo Grande registra 241 mm de chuva em 24 horas, causando alagamentos em diversos bairros. Defesa Civil atende mais de 50 ocorrências na capital.
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