A mídia retrata, muitas vezes, a preocupação e ineficácia do Estado em poder promover condições de paz e segurança aos seus cidadãos; sendo que os bandidos passam a ser “invejados” e os verdadeiros heróis desta causa, os muitos policiais honestos, são esquecidos.
Por exemplo, basta ver o que está acontecendo com o traficante Rogério 157 e a guerra urbana na Favela da Rocinha, localizada no bairro de São Conrado.
Na realidade, Rogério não é carioca, mas nasceu em Governador Valadares, Minas Gerais, sob o nome de batismo de Rogério Avelino da Silva.
O rapaz ingressou cedo na marginalidade, de forma discreta, assaltando os transeuntes pelas ruas da Zona Sul, o que fez com que recebesse o apelido de Rogério 157 (número referente ao artigo do Código Penal brasileiro que diz respeito à prática de roubo). Na sequência, o ladrão repassava os itens roubados aos traficantes dos morros do Rio de Janeiro.
A partir de então, foi um pulo para que 157 se tornasse “vapor”, vendendo pequenas quantidades de drogas no mercado do varejo dentro da comunidade da Rocinha, que na ocasião era comandada pelo rei do tráfico, Antônio Francisco Bonfim Lopes, o Nem.
Acontece que Rogério 157 caiu nas graças de Nem em 2010, ano em que um grupo de bandidos invadiu um luxuoso hotel em São Conrado, depois de uma batida da Polícia no morro, acontecimento que foi amplamente veiculado pela imprensa dentro e fora do país.
157 chegou até a ser preso na invasão mal sucedida; porém, um juiz do Rio de Janeiro lhe concedeu liberdade no mês de janeiro de 2012; sendo que, nessa mesma época, o chefão Nem já estava preso há três meses.
Foi o que bastou para que, mesmo atrás das grades, Nem incumbisse a Rogério o controle do comércio do tráfico de drogas na região baixa da comunidade, atuando em parceira com Luiz Carlos Jesus da Silva, vulgo Djalma.
“Golpe de Estado”
Foi nesse momento que 157 decidiu que perseguiria Djalma, objetivando só ele ter o poder em todo o tráfico na favela. Com a prisão de Djalma, em abril de 2014, Rogério passou a usar uma grossa corrente de ouro em que estava escrita a seguinte frase: “Jesus é o dono do lugar”, em alusão a ele próprio. Era o começo do fim do monopólio do reinado de Nem na Rocinha.
Jóias, prostitutas, bebidas e tortura a assaltantes rivais
Rogério parece sofrer pela febre do ouro, pois além desse cordão chamativo, é fã de anéis também de ouro, tendo o número 157 inscrito neles.
Além disso, é comum que Rogério 157 torre o dinheiro obtido através de suas práticas criminosas com prostitutas e muitas bebidas, o que agradou em cheio os seus parceiros, a saber, criminosos mais jovens. Rogério também já foi fotografado abraçado ao lado do ex-jogador de futebol Adriano Imperador.
Por outro lado esse tipo de postura é criticada pelos traficantes da velha guarda e a maior parte dos moradores da Rocinha. Os habitantes da favela não simpatizam com Rogério 157 porque ele instituiu a cobrança de impostos para os serviços de comercialização de gás na favela, moto-táxis e até sobre a venda de água mineral. Para piorar a situação, vale destacar que Rogério 157 não é “cria” da favela, ou seja, não nasceu na comunidade.
Para impor o seu poder e vencer inimigos, Rogério usa de muita violência e tortura outros bandidos, que de algum modo lhe são opositores.
Há 14 mandados de prisão contra Rogério, que vão desde o tráfico de drogas, associação direta com tráfico, extorsão até assassinato. Rogério começou a sua vida criminosa em 2006, na cidade de Cariciaca, no Espírito Santo, sendo acusado de ter matado um homem por lá e, cinco anos antes, tentou matar um outro indivíduo na cidade mineira de Governador Valadares.
O resultado pela disputa desse mundo da criminalidade não poderia ser pior, pois os soldados do tráfico de Nem e de Rogério 157 começaram uma verdadeira guerra pela disputa do tráfico na Rocinha, no dia 16 de setembro.
Tanto é assim que Danúbia Rangel, mulher de Nem, e outras pessoas amigas do ex-líder foram expulsas da favela. Hoje Rogério 157 pertence à facção ADA (Amigos dos Amigos).
A pergunta que insiste em obter uma resposta eficaz de uma vez por todas é: até quando as pessoas honradas e do lado do bem terão de conviver com esse tipo de criminosos, os quais praticam os seus delitos livremente?