Ao Jornal da EPTV, o Hospital das Clínicas informou apenas que está verificando o que ocorreu durante o atendimento do paciente.
“Eu tenho médico na família, pediatra na família, e ele falou: fizeram tudo errado com o seu filho. Desde que tenham uma suspeita de meningite, pneumonia, não podem operar, teriam que ter feito o exame primeiro. Isso deixou a gente muito revoltado”, diz a mãe do bebê, Sabrina Sakaue.
Sabrina conta levou o filho até a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) em 21 de abril, porque o menino chorava muito. O médico diagnosticou infecção no ouvido e receitou medicação para ser aplicada em casa. Dois dias depois, o sintoma persistia e a família retornou à UPA.
Dessa vez, a equipe suspeitou de intussuscepção intestinal, quando parte do intestino se dobra sobre outra, e encaminhou Giovani à Unidade de Emergência do Hospital das Clínicas (HC-UE), onde o bebê foi isolado e submetido a exames.
“Eles isolaram meu filho, falando que poderia ter intussuscepção, meningite, poderia ter várias coisas. Eles tiraram o sangue dele e, logo em seguida, passaram para o ultrassom. Eles falaram que já sabiam o que era e prepararam o mais rápido possível para fazer a cirurgia”, relembra.
Um laudo do próprio HC-UE aponta que “não houve achados cirúrgicos” e em outro prontuário, também fornecido pelo hospital à família, consta que ao final da cirurgia o bebê foi “extubado acidentalmente”, ou seja, a intubação foi retirada.
“Eles voltaram e falaram para a gente que tiraram o tubo, que ele estava correndo risco, caiu secreção no pulmão e que ele estava correndo risco. Fizeram uma cirurgia que não precisava ser feita. Poderia? Poderia, mas não naquele momento”, desabafa a mãe.
Giovani ainda esperou por mais de cinco horas até ser internado no Centro de Terapia Intensiva (CTI) pediátrico, conforme consta no relatório do HC-UE. O bebê morreu na manhã seguinte, em 24 de abril.
O atestado de óbito aponta como causa da morte “meningite purulenta”. Para o pai do bebê, Giordani Orsini, houve imprudência do hospital ao não realizar exame para a doença, antes de submeter o filho à cirurgia.
“Quando veio a óbito, não veio o médico falar, veio uma psicóloga. Passou o tempo, a gente começou a descobrir: foi erro, imprudência, negligência. Se eles falam ‘a gente errou, perdão’, a gente até aceitaria. Mas, ocultar essas coisas. Tudo o que foi feito nele foi errado”, afirma.
O advogado da família, José Augusto Aparecido Ferraz, diz que ingressará com ações na Justiça para exigir indenização por danos morais e pedir a condenação da equipe que atendeu Giovani por homicídio culposo.
A defesa também encaminhará os laudos ao Conselho Regional de Medicina de São Paulo (Cremesp) para que apure a conduta os médicos.
“Punir realmente a instituição para que isso não mais ocorra com os filhos de outras pessoas e tentar ressarcir todo esse prejuízo causado aos pais, de danos morais, efeitos psicológicos e emocionais”, afirma o advogado.