Campo Grande é uma das Capitais mais caras para se viver no Brasil

A má gestão da prefeitura de Campo Grande, não se resume apenas às áreas de infraestrutura básica, saúde e educação. A administração capenga também afeta o custo de vida dos campo-grandenses, se tornado uma das Capitais mais cara do Brasil para se viver.

No início do ano, os contribuintes da Capital receberam os carnês do IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano) e, para surpresa geral, além do reajuste oficial de 7,96%, obtido pela prefeita junto à Câmara dos Vereadores, uma manobra da equipe da atual administração conseguiu elevar o valor do imposto para mais de 130% para alguns moradores do município.

Segundo denúncia feita pelo advogado Vinícius Pizetta, que será responsável por mais de uma centena de ações na Justiça na busca pela isenção do imposto, os moradores do Residencial Terra Morena, localizado no Bairro Jardim Los Angeles, tiveram o valor dos imóveis aumentados em até 121,4% no período de 12 meses. No entanto, conforme o advogado, os moradores do bairro não fizeram reformas nas casas e nem a Prefeitura fez nenhuma melhoria estrutural.

Nesses imóveis, o valor do imposto cobrado em 2022 foi de R$ 463,80, no entanto, o IPTU de 2023 saltou para R$ 1.014,22 (alta de 118,6%). Por enquanto, cerca de 150 famílias foram prejudicadas no Residencial Terra Morena, mas o advogado não descartou a hipótese de essa discrepância de valores ter acontecido em outros bairros, principalmente os mais humildes.

Indústria da multa

Não contente em penalizar os proprietários de imóveis, a prefeitura pretende ir mais longe para tornar o custo de vida ainda maior em Campo Grande, colocando para funcionar a “indústria da multa”. A Agetran (Agência Municipal de Transporte e Trânsito) prevê para este ano uma arrecadação record em multas de trânsito aplicadas pelos terríveis “amarelinhos”, como são chamados os fiscais do órgão.

O valor é estimado de acordo com as infrações aplicadas no decorrer do ano passado e pode variar, pois a projeção foi lançada antes de 31 de dezembro de 2022. Para quem não sabe, parte do orçamento da Agetran é proveniente do valor arrecadado pelas multas aplicadas pelos seus agentes, que se soma às aplicações diretas e aos recursos próprios.

Cesta básica

Além do IPTU caro e da “indústria da multa” a todo vapor, os campo-grandenses também têm de arcar com a 3ª cesta básica mais cara do Brasil, com acumulado de 16,03% no ano. Em dezembro, foi necessária uma jornada de trabalho de 135 horas para adquirir uma cesta, conforme o último levantamento da Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos de 2022, realizada pelo DIEESE (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos).

Os resultados de dezembro mostram que, em comparação a novembro, a alta da cesta básica na Capital foi de 0,77%, custando R$ 744,21. Em comparação a novembro, alguns alimentos tiveram retração mais expressiva, como a banana (-7,30%), batata (-2,16%), manteiga (-1,82%), café em pó (-1,76%) e pão francês (-0,31%). O preço do leite integral teve redução em todas as capitais entre novembro e dezembro de 2022. As taxas oscilaram entre -8,14%, em Aracaju, e -1,02%, em Campo Grande.

Segundo a pesquisa, a maior oferta de leite no campo e os altos preços dos laticínios reduziram os valores praticados nas cidades analisadas. O destaque com aumento mais expressivo foi o tomate (24,54%), seguido por feijão carioquinha (4,48%), farinha de trigo (2,20%), arroz agulhinha (1,16%), açúcar cristal (0,26%) e óleo de soja (0,22%).

Conforme o levantamento, “houve queda na oferta global de trigo, também resultado do confronto entre Rússia e Ucrânia, o que reduziu a exportação do grão pelo Mar Negro. O clima também foi desfavorável à produção em diversos países. E, com a demanda firme pelo trigo, os preços aumentaram, o que repercutiu nos derivados vendidos nas capitais do Brasil”.

A jornada de trabalho necessária para comprar uma cesta básica em Campo Grande no mês de dezembro foi de 135 horas e 05 minutos. O levantamento também calculou o valor da cesta básica para uma família composta por quatro pessoas, e em dezembro, esse quantitativo atingiu R$ 2.232,63. Para a aquisição de uma cesta básica fica comprometido 66,38% do salário mínimo líquido.

Combustíveis

O ano novo começou com os consumidores pagando mais pelos litros de óleo diesel, gasolina e etanol em Campo Grande. As maiores elevações foram no óleo diesel, tanto no tipo S-500 quanto no S-10. Pesquisa de preços realizada pela ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis) constatou que 2022 terminou com o S-500 registrando preço médio de R$ 6,12 por litro, enquanto o S-10 finalizou o ano custando R$ 6,24.

Já na primeira semana deste ano, conforme pesquisa da reportagem, os valores saltaram para R$ 6,38 no S-500 e para R$ 6,47 no S-10. Em termos monetários, os consumidores estão pagando R$ 0,26 a mais por litro do óleo diesel do tipo S-500, já no caso do S-10, cada litro ficou R$ 0,23 mais caro. A diferença de preços entre os dois óleos se dá por uma questão ambiental e ecológica.

Na gasolina, de acordo com os dados da ANP, o preço por litro até 31 de dezembro estava em R$ 4,69, enquanto que na primeira semana deste ano saltou em termos de preço médio para R$ 4,74, resultando em um aumento de R$ 0,05. No caso do etanol, o combustível foi comercializado a R$ 3,73 por litro na última semana de 2022 e este ano saltou para R$ 3,76.

Os reajustes já praticados este ano em termos percentuais foram de 4,24% no diesel S-500, de 3,6% no diesel S-10, de 1,08% no etanol e de 1,06% na gasolina. Os preços médios deste ano foram apurados pela reportagem do Correio do Estado em postos de combustíveis de Campo Grande.

Conta de luz

Outro duro golpe do bolso dos campo-grandenses é que, a partir de abril, conforme o Concen-MS (Conselho de Consumidores Atendidos pela Energisa em Mato Grosso do Sul), a conta de luz terá um reajuste acima dos 10%. Assim, conforme documento apresentado pela Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações), das 52 concessionárias de energia do País, sete devem ter reajuste acima de 10%, entre elas, a Energisa.

Para o Concen-MS, a previsão inicial era que o aumento ficasse abaixo dos 10%, mas outros fatores devem interferir no cálculo. Atualmente, os consumidores da Energisa em Mato Grosso do Sul já pagam uma das tarifas mais caras do Brasil, conforme o ranking da própria Aneel.

A Energisa ocupa a 6ª posição entre as concessionárias, em um total de 53 empresas que fornecem energia em todo o País. Assim, a tarifa média (R$/kWh) residencial verificada no Brasil é de 0,687 – 68 centavos por quilowatt-hora -, enquanto o preço cobrado pelo serviço da Energisa é de 0,802 – 80 centavos por quilowatt-hora.

Dessa forma, a Energisa fica atrás apenas de Equatorial do Pará, Amazonas Energia, Energisa Nova Friburgo, Energisa MT e da Light (que atua no RJ). Vale observar que das 6 concessionárias com as tarifas mais altas, três são do grupo Energisa.

Enquanto isso, a prefeitura deixa a desejar nos investimentos em infraestrutura básica, pois as ruas estão cheias de buracos e não pode chover para a cidade ficar embaixo d’água, na educação, que está correndo o risco de não iniciar o ano letivo porque a Prefeitura não deu o reajuste prometido, e na saúde, já que as UBSs (Unidades Básicas de Saúde) enfrentam falta de médicos, de medicamentos e de materiais básicos.

SERVIÇO – Os leitores que desejarem denunciar alguma irregularidade em Campo Grande pode usar o site [email protected] ou pelo WhatsApp (67) 9961-1287

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